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Cairbar Schutel era um católico convicto, idealista. O pequeno vilarejo que Matão era no início do século XX não possuía nem sequer uma capela e graças ao empreendedorismo inato à sua personalidade, Schutel ajudou a construir a primeira capela local, que batizaram de Capela do Bom Jesus de Matão.

 

Schutel incentivava o Padre Antônio Cezarino a vir de Araraquara pelo menos uma vez por mês para celebrar missas na capelinha e, como bom católico, era adepto de promessas e ritos, que confiava e defendia com extrema devoção.

 

Este pensamento, entretanto, começou a sofrer modificações no princípio de 1904, quando os pais de Cairbar, Sr. Anthero e D. Rita, voltaram a fazer parte de sua vida, desta vez aparecendo insistentemente em seus sonhos.

 

Tentando compreender a razão daqueles encontros – para ele estava claro que não eram fruto de suas lembranças, nem meras visões –, procurou o Padre Antônio Cezarino, expondo suas dúvidas e requisitando explicações lógicas para o padre. Este logo o advertiu para “não mexer com essas coisas”. Ficou claro que o padre não concordava com tais questionamentos de Schutel a respeito de vida após a morte e tachou essas visões como algo proibido, como má influência.

 

Não satisfeito com a resposta, Schutel procurou Quintiliano José Alves e Calixto Prado, que realizavam sessões espíritas na pequena vila, desejando participar delas. A linguagem utilizada nas sessões era a tiptologia, modo de comunicação mediúnico através de pancadas e batimentos. Dessa forma, perguntas eram feitas aos Espíritos, que respondiam através de uma pequena mesa, chamada trípode. O número de pancadas determinava a resposta.

 

As sessões começaram a despertar a curiosidade em Cairbar Schutel e, ao comentar tais questionamentos com o amigo João P. Rosa e Silva, caixeiro-viajante de Itápolis, ele lhe apresentou o caminho que mudaria o rumo de sua vida: o conhecimento do Espiritismo. João o presenteou com uma edição da revista “O Reformador”, que Cairbar leu empolgado, como quem estivesse descobrindo um grande tesouro. No dia seguinte, pediu pelo correio as cinco obras da codificação espírita, organizadas por Allan Kardec, que faziam parte da publicidade da revista.

 

Após receber os livros, não foi necessário mais do que um mês para que Cairbar lesse e absorvesse todo o conhecimento impresso naquelas obras. Tornara-se espírita e desejava compartilhar, ensinar, propagar, fazer com que outras pessoas pudessem conhecer também esta nova doutrina, que à época não contava 50 anos de existência.

 

Decide então que uma sala de sua casa acomodaria a primeira instituição espírita de Matão, o Centro Espírita “Amantes da Pobreza” (atual Centro Espírita O Clarim), fundado em 15 de julho de 1905. A reunião que selou a fundação da nova instituição contou com 21 membros, incluindo “o humilde Secretário que esta está lavrando, Cairbar S. Schutel”, conforme consta na ata de fundação.

 

A mudança de pensamento do respeitado farmacêutico e político de Matão logicamente provocou reação da população local, que o acusou de todas as formas possíveis, inconformada com o fato. Surge, assim, a ideia de fundar um jornal para mostrar a todos a coerência do novo pensamento a que se convertera.

 

Um mês após a fundação do Centro Espírita surge o jornal O Clarim, no dia 15 de agosto de 1905, sendo até os dias atuais divulgado de forma ininterrupta, ecoando os ensinamentos espíritas para todos aqueles que desejam ouvi-lo.

20 anos mais tarde, em fevereiro de 1925, surgiria a Revista Internacional de Espiritismo. Conheça sua história aqui

Primeira edição do jornal O Clarim